Centenas de pessoas vão ao Maracanã prestar homenagem a um dos mestres do jornalismo brasileiro
O velório começou às 13h no Maracanã. Uma miniatura de um avião da Força Aérea Brasileira foi colocada ao lado do caixão. Praticante de voos em ultraleves, Armando Nogueira foi o fundador do clube carioca da modalidade e era apaixonado pela aviação. As bandeiras do Brasil, do Rio de Janeiro, do Botafogo e do Acre, estado em que o jornalista nasceu, foram deixadas no salão. Armando Augusto Magalhães Nogueira, mais conhecido como Manduca, filho único de Armando Nogueira, foi um dos primeiros a chegar ao estádio. Aos 55 anos, ele lembrava do pai como carinho e admiração.
Veja as imagens do velório de Armando Nogueira
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Muito emocionado estava o irmão mais velho de Armando Nogueira, Wilson Nogueira. Ele ficou a maior parte do tempo ao lado do caixão recebendo os cumprimentos de quem chegava. Enquanto isso, os telões do Maracanã exibiam sete frases imortalizadas pelo jornalista.
Wilson Nogueira, irmão mais velho, vela o corpo de Armando Nogueira no Maracanã
Letícia, neta de Armando Nogueira, estava com uma camisa do Botafogo, uma das grandes paixões do avô. O ex-jogador Júnior também foi prestar homenagem a quem define como mestre. E lembrou de um conselho que recebeu do jornalista quando começou a carreira de comentarista na TV Globo.
- O Armando me disse uma frase que me marcou muito e eu nunca esqueci. Que eu podia criticar sem ofender e elogiar sem bajular - disse.
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O vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, e a jornalista Alice Maria
- Ele trouxe um rigor ético e uma qualidade para o texto no jornalismo. Uma pessoa que tirou a TV de uma linguagem radiofônica e criou uma nova maneira de se comunicar com o telespectador. Armando Nogueira escrevia de um jeito quase barroco e não economizava nas palavras, mas criou uma linguagem objetiva para a televisão. Armando deixa para nós uma inspiração, mais do que uma lembrança, uma inspiração - disse.
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O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes anunciaram luto oficial de três dias pela morte “do grande jornalista Armando Nogueira, cujo texto se confunde com os melhores momentos do futebol brasileiro. Um acreano que, na juventude, veio morar no Rio de Janeiro e se transformou em um dos ícones do jornalismo do país”.
Apresentador e editor do Jornal Nacional, William Bonner não poupou elogios ao mestre. O jornalista lembrou que o ex-companheiro influenciou muito na sua carreira profissional.
William Bonner não poupou elogios ao mestre
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Quem também estava bastante emocionado era José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Vice-presidente de operações da Rede Globo, ele foi um dos responsáveis, ao lado de Armando Nogueira, pela criação do Jornal Nacional. Boni lembrou das várias viradas de ano que passou ao lado do amigo, em Angra dos Reis.
- Ele era um grande contador e fazedor de histórias. Ele era objetivo, mas também não abria mão da preciosidade do texto - disse Boni, que também lembrou o prato predileto do jornalista: bife bourguignon.
Personalidades não paravam de chegar ao velório e falar palavras de carinho para os familiares. Entre eles, o diretor da TV Globo Daniel Filho, os jornalistas João Pedro Paes Leme, Luís Roberto, Luis Carlos Júnior, Boninho e Alice Maria, o produtor musical Luis Carlos Miele, o presidente do Fluminense, Roberto Horcades, o cronista e escritor Sérgio Cabral.
- Sempre tentei imitá-lo, mas nunca consegui. Era uma figura fantástica - disse Sérgio Cabral, que conheceu Armando Nogueira no Jornal do Brasil, em 1959.
Bruna Nogueira, ex-mulher do jornalista
- Ele era um botafoguense doente, que voltava para casa chorando quando o time perdia - disse Bruna Nogueira.
O presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, chegou ao Maracanã por volta das 18h.
- Agora há mais um anjo da guarda para tomar conta do Botafogo. Espero que o Armando possa ajudar fazendo que o El Loco marque gols de cabeça, o Jeferson continue santo, o Joel iluminado e o Caio cada vez mais ousado - disse o dirigente.
O corpo de Armando Nogueira será velado no Maracanã até esta terça-feira pela manhã, quando depois segue para o cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O enterro vai ser às 12h.
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Armando Nogueira deixa um legado de dez livros publicados, todos sobre a sua maior paixão em seus 60 anos de carreira: o esporte. Em “A Ginga e o Jogo”, pela editora Objetiva, Armando dispõe em uma coletânea de 78 textos, confissões, comentários e histórias sobre as 15 Copas do Mundo a que assistiu, desde a de 1950, além de sete Jogos Olímpicos, desde 1980.
A carreira do jornalista inspirou no ano passado a criação do troféu que o homenageia – uma parceria do Sportv com o GLOBOESPORTE.COM – que premia o melhor jogador de cada posição no Campeonato Brasileiro.
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